that i've been lost. how would be good if i could hold you, feel us like the first time, give you caress you deserve... i know love you like nobody else.
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um amor como esse sempre deixa uma marca. nem sempre visível... |
Existe todo o tipo de amor. Mas eu sabia que estava atrasada.
E tive um sonho. E ele estava lá. Ele e seus olhos tristes. Ninguém nunca entenderá a agonia que eu sinto ao olhar aqueles olhos. Eu o olhava em silêncio. No mesmo campo de visão, quase 30 centímetros abaixo dele, havia uma outra pessoa. Uma garota.
Deus, eu pensei, ele gostava de ser notado.
Definitivamente.
O que, absolutamente, me deixava irritada, e a garota também. Não é que não fosse engraçado... Era como uma piada obscena. Toda aquela alegria significava o que? Alguém realmente feliz ou alguém que usava uma máscara? Hoje eu sei que não era uma coisa ou outra, eram as duas. Ele gostava de fato de fazer as pessoas rirem, era natural, fluente, não carecia esforço. Mas também era o tipo de pessoa que usa o ataque como melhor defesa: ele falava demais para evitar perguntas. Ele sabia que elas existiam. Para sua fiel acompanhante ele era apenas um sedento de atenção e durante esse período ela simplesmente se mantinha afastada dele, olhando-o de forma severa e contrariada, mas incapaz de ir embora. Mesmo no meu sonho, eu reconhecia aquele olhar. Só não sabia de onde.
Ele era sério.
Depois de seu espetáculo ele se sentava e esperava. Não dava para saber exatamente o que, mas ele ficava horas assim. Era nesse momentos em que a garota se atrevia a chegar mais perto, as vezes trocavam uma palavra ou outra, até que ele a convenceu inteiramente a sentar-se ali. Ela o olhava com medo, mas parecia encantada também. E ficaram assim durante muito tempo. Eu não saberia precisar quando, mas ela passou a fazer parte das suas brincadeiras também, de forma mais cautelosa. Ele já não queria chamar tanta atenção. Ela o fazia calar e de vez em quando os dois riam juntos, baixo, talvez sem querer que alguém ouvisse, ou, o que era mais provável, que ninguém participasse. Então alguma coisa me fez prestar o dobro de atenção na garota: a forma como ela o olhava. Ela sentia dor. Muita dor.
Pouco tempo depois levantaram-se e passaram a caminhar, um ao lado do outro. Ele era um cavalheiro... Se não fosse, por que teria segurado o braço dela daquela forma, evitando sua queda? Eles continuavam sua caminhada. E eu me perguntava por que o caminho dos dois era tão difícil e tortuoso. Pisquei os olhos. A garota havia sumido. Ele olhava para os lados, mas não procurava por ela. Estava calmo.
Até que ele ouviu o grito.
Ela havia caído e sangrava. Ele, ao invés de pegá-la no colo e levá-la para um lugar seguro, sentou ao seu lado e segurou a sua mão. Ela lutava contra a própria dor, por vezes apoiada inteiramente nele. As vezes, apenas por ele. Até que ele, talvez com medo de que ela não conseguisse fazer sozinha, estancou o sangramento. Ela respirou mais aliviada e aos poucos se levantou, ainda com sua ajuda. Ele a segurava pela mão, mas a deixava andar sozinha algumas vezes. Grande parte das vezes, para ser honesta. Havia muitos momentos em que ela caminhava grandes distâncias sem se apoiar, nem sempre trocavam palavras, apenas continuavam seguindo, um ao lado do outro. Até que ela tropeçava e ele a segurava.
Eu via a forma como ela se dirigia a ele. E, mais uma vez, notei que a cada vez que o olhava, ela era arrasada pela dor. E então pude perceber que a dor dele acabava com ela, da mesma forma que acabava comigo. E então eu entendi. Não era qualquer garota ali.
Era eu.
E eu sabia como as coisas iriam acabar.
A história continua...
A vida é um circuito oval.
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